UMA SEGUNDA CHANCE - 0.5

CONFIANÇA

Origem

(sXIII) latim. confidentia; confidere: confiar + -ança

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A história do Nilo original acabou abruptamente, me deixando confuso e atordoado. Wogen se calou no momento em que 'Dewi' se lamentou pelo bolo que havia recebido de seus amigos, seu rosto se fechou e parecia que ele estava lutando com seus próprios pensamentos, "conto ou não conto?"Senti que não, ele não confiava em mim, mas poderia eu discutir? Talvez eu fosse mesmo um pókio enviado por alguém e, curiosamente, perdi a memória. Não, eu não poderia ser isso, não me sinto assim... e ainda tem aquela lembrança com o apito. Enquanto penso, coloco a mão sobre meu peito para me certificar de que ele ainda está lá, minha única verdade. Se Wogen iria continuar ou não, jamais saberia, pois vieram aos gritos à margem do lago.

— Mestre! Kará*! — um homem de meia-idade, moreno avermelhado e alto — chamava o velho, num tom de emergência — Notícias!

— Vamos, pai — Hirak disse ansioso.

O barco retornou, com a ajuda dos dois adolescentes, e todos desembarcaram, espirrando um pouco de água. O velho, o manequim, Levi, o babaca mirim e Mi-la-estressadinha andavam de cabeça erguida, sérios, e quando eu tentei seguí-los, Mio segurou minha manga e Levi se virou:

— Você... você não pode seguir agora, Nilo — suspirou — sinto muito.

Todos foram embora e eu fiquei para trás com as crianças. Minha cabeça tentava associar o dia que tive, mas era impossível, então fiquei parado perto da água, olhando para o além, pensando em tudo e em nada ao mesmo tempo; nada fazia sentido para mim. Poderes? Guerra? Que tipo de história maluca é essa? Quero pensar que é alguma pegadinha de mau gosto, pois não consigo acreditar nessa baboseira, mesmo que eu... mesmo que eu tenha visto com meus próprios olhos Satto e sua irmã empurrando os barcos. Vi Mio abrindo portas atrás de portas, teletransportando entre a casa, vi Jud lendo meus pensamentos de morte. O apito vermelho, de onde ele veio? E aquela visão... As vozes...

— Nilo? — Escuto uma voz distante — NILO! Nah*! Acorda, para de pensar demais nisso. É conversa de adulto. — Era Mio, o pequeno garoto que me sacudia enquanto eu sonhava acordado.

— Estou bem, eu... — não consigo terminar minha frase, pois começo a vomitar sangue, muito sangue. Minha garganta rasgava de dor. Era dilacerante. Minha cabeça não para. Preciso de alguma resposta; algo que faça sentido.

Mio e Jud, os únicos que sobraram para me sacudir, me levantam e colocam no barco que estava atracado na terra. Eles pareciam querer falar algo, mas não sabiam como ou o que exatamente. Jud, parecia uma pérola sob a luz do luar, seus olhos violetas brilhavam ainda mais, e a pele de Mio reluzia, mas o rosto de ambos era negativo, preocupação. A lua não importava.

— Você deve ter tantas dúvidas — começou Mio, baixinho — eu também tenho, acredite, eu tenho muitas formas de descobrir certas coisas, mas sou inexperiente — suspira — Wogen disse que eu vou melhorar, mas ele não confia em mim para me ensinar de verdade, ele diz que eu sou apenas um pequeno jio* sem maturidade. E Jud sabe tanto quanto eu.

— Eu — começo com dificuldade — não sei nem por onde começar. Não sei quem eu sou, não sei ainda que lugar é esse. É tudo tão confuso e... — olho para as duas crianças — estranho.

 Não foi uma palavra legal, Nilo. Apenas avisando — ele diz, sério. — Você pode perguntar e, o que a gente puder, contamos.

— Eu não sei, eu só — suspiro — eu só não entendo nada. O que vocês são? Como você fez aquilo naquela casa? Como Jud entrou na minha cabeça e... o que os dois irmãos fizeram agora... Eu não entendo.

Mio respira fundo e dá um meio sorriso desanimado, como se estivesse relutante para contar. Jud, sua irmã, olhava com reprovação, como se eu não pudesse saber. O garoto se arruma dentro do barco, decidido no que fazer, e navega até chegar novamente na gruta.

— O que você precisa saber, Nilo, é que eles — digo, todos nós — não podemos te contar muito sobre isso. Wogen não confia em você, ele nos pediu isso, mas... não é justo. Te conheço há um dia, e eu também não confio, mas você parece idiota demais para ser um inimigo — ele termina rindo e eu sorrio, cansado.

— Você já percebeu que temos, digamos que, peculiaridades. Gostamos de chamar de dons, graças à Dewi — ele levanta o polegar ao céu e depois o beija, como um "ritual" —. Você saber disso não é o problema, mas há algo muito mais complicado: ele não quer que você saiba de outra coisa. Vê essa gruta?

— Gidan... Wata, foi como Wogen disse.

— Exato. Em Lienôe o'lawa você leu sobre ele, Gidan, lembra? — penso um pouco e me recordo da noite anterior, mas é uma lembrança turva pela dor e pelo sono; ele não espera que eu responda. — Gidan, ele... ele foi um herói. Aqui, Nilo, neste país, herdamos poderes de diferentes tipos para todas as ocasiões. E, no momento, nós estamos prestes a enfrentar uma nova guerra. Agora, preste muita atenção...

Guerra.

"Desde muito antes da deusa Dewi nascer, o povo de Dunya Shiru já era abençoado com poderes. O país inteiro, com os três grandes clãs da época, e esta história é de 900 anos atrás: O Clã Nukushimi da cidade de Karanlık Köy era abundante na inteligência, na pesquisa e na literatura. Isso pode não ser considerado um poder, mas, Nilo, a sabedoria é algo muito mais poderoso, era algo que os outros clãs não tinham. O Clã Heiwa da cidade de Pinhais Obasy era o mais bonito, cheio de plantas, medicina e compaixão. A magia deles era diferente da nossa, aqui é um dom herdado, lá era feitiçaria. Lá... lá foi o lugar em que eu e Jud nascemos. Aqui em Óky Táva temos o Clã Mizu, agraciados com o poder da água — quero dizer, as mulheres puro sangue são; mas, às vezes, homens nascem assim, e quando isso acontece, é porque algo grande vai acontecer."

— Igual aquele Gidan? — pergunto.

— Igual à ele, igual ao pai de Dewi, igual ao mestre das sombras, Fetket, e... igual ao Satto.

— Então é por isso que ele, aquela hora... — Mio acena com a cabeça — mas você disse que quando alguém nasce assim, é porque... — de repente eu me calo, o semblante dos irmãos em minha frente era fechado e carregava um olhar de tristeza. Por um momento, me esqueci de que eram apenas crianças.

Os olhos violetas de Jud escurecem, como uma chama de esperança que acaba. Escutar a verdade é diferente de pensar que ela possa existir. Mio apenas desvia o olhar, como se estivesse apenas encantado com o pôr do sol no horizonte. O sol se abaixava, o laranja estava sendo substituído pelo roxo e, logo mais, pelo azul da noite. Nós três respiramos fundo e decidimos sair daquele lugar. Não fiz mais perguntas, mas eu estava quase virando uma interrogação de tantas dúvidas que iam e vinham. Quase sem resposta, e as respostas que eu tinha eram tão vagas.

Continuamos andando até chegar a um centro animado e amontoado, com várias barracas e pessoas gritando.

— Puxa! Eu havia me esquecido! Hoje é dia de Shimi*!

As duas crianças correram entre as barracas, esquecendo totalmente da conversa de agora a pouco. Tento não pensar demais nisso, não é problema meu. A única coisa que me interessa é saber quem eu sou, apenas isso. Há muitas risadas e brincadeiras pelas ruas de barro e pedra. Sinto um cheiro doce voando entre os ares, então decido ir ansiosamente atrás dessa comida cheirosa. Quando sinto o cheiro mais forte vindo de uma barraca colorida, vou imediatamente até ela, mas quando cheguei, não havia comida nenhuma, apenas bijuterias e alguns bagulhos.

— Nilo? — O cheiro estava ainda mais próximo, e não era de comida, mas de uma pessoa. — Foi difícil te encontrar nessa multidão! — disse Levi, gritando para que eu pudesse ouvi-lo.

Soltei um meio sorriso, que desfiz rapidamente quando ele retribuiu. Fingi que estava de olho nas bijuterias, mesmo que fossem tão feias e de muito mau gosto. Tinha uma tiara laranja radioativa, quase pior que meu cabelo, uma pulseira toda enfeitada de pedras e um anel com uma grande joia azul.

— Está interessado em alguma coisa, Nilo?

— Nien*, acho que não, e você? — Ele negou com a cabeça enquanto fez careta. — Nah*, o que é aquilo? — aponto com o dedo para uma multidão que se juntava ao redor de alguma coisa.

 Wóe*? Ah! Você vai gostar disso. É uma apresentação bem divertida.

Andamos juntos até onde a multidão se reunia, ficamos esmagados com tantas pessoas, mas o que veio a seguir substitui o desconforto por admiração. A roda abria espaço para as mulheres que estavam no centro, enquanto elas andavam pelo chão, com os pés descalços. Era, de alguma forma, poético.

Havia cinco mulheres, todas diferentes uma da outra, mas havia algo em comum além da suavidade nos passos: a pintura de pele na cor azul, que representava a água. Os cabelos e a pele estavam húmidos, como se tivessem saído do mar e corrido para cá; e o cheiro era fresco, como quando a chuva cai na grama. Os movimentos lembravam o fluxo d'água, elas vão e vem, sem pressa, com delicadeza. O barulho de conversa havia parado, estávamos todos em silêncio absoluto, como se existissem elas; parecia um encantamento, e quando as vozes começaram, tive certeza, mas não de um jeito ruim.

A água escorria da pele de cada dançarina, o corpo parecia ser feito de água, e então uma bolha d'água surgiu, ela também dançava em harmonia com as demais, e eram elas que controlavam a dança. O canto suave acabou abruptamente, como se a história tivesse sido interrompida, elas giraram e a bolha d'água explodiu em respingos na grande plateia, seguido de aplausos de todos os cantos.

A multidão se dispersa desorganizadamente e nós dois saímos dando risada enquanto as crianças corriam atropelando os mais velhos e derrubando doces.

— Quer um? — Levi me oferecia um doce laranja, com um formato muito engraçado — é doce de abóbora, tem um gosto bom, eu juro.

Eu pego o doce laranja, mordiscando pouco a pouco com a comida mais viciante e enjoativa que eu já comi... pelo menos é o que meu estômago diz, a mente, por outro lado, não diz porra alguma.

— E então, naquela hora no lago, qual era a emergência? — Digo enquanto mastigo o restante do doce, mas ele hesita, assim como todo mundo quando eu faço uma pergunta.

Antes que ele falasse qualquer coisa, Mi-la apareceu de fundo, nos chamando animada, carregando vários pacotes de bugigangas e comidas. Os dois pareciam tão tranquilos, como se não tivessem acabado de sair de uma reunião — supostamente — importante. Andamos um pouco e Mi-la nos guiava para um pequeno morro mais afastado do festival. Quando chegamos no topo e olhamos para baixo, era como se todos os problemas tivessem ficado para trás, dando espaço em nossas mentes para admirar a beleza natural do lugar. A vila era muito iluminada, com tochas e fogueiras em todos os lugares, como se fosse proibida a chegada da escuridão. Mas o que mais iluminava o local era uma grande árvore que, de alguma forma, irradiava luz e vida. Muitas crianças corriam ao redor dela, alguns casais se encostaram em seu tronco, ela parecia magica — assim como o lugar inteiro — era sagrada, mas também era de todos.

— Ah, aquela ali é Zoriontasuna*, — Levi disse interrompendo meus pensamentos — a árvore da felicidade, ela é tipo um totem; é carregada por boas energias, tipo a diversão ou a paixão — ele disse olhando para baixo.

— Aqui é tudo tão confuso e difícil.

— Qualé, Nilo! Se anima — Mi-la respondeu, animada. — Nem tudo precisa fazer sentido. Apenas aproveite.

Essa foi a gota d'água do dia, era inconcebível esse tratamento de indiferença comigo e com a merda da situação que eu enfrentava.

— Porra, mas você está de sacanagem, né? É ridículo que eu não possa saber de nada mais do que a porra do meu nome e algumas histórias idiotas. Em que merda isso vai me ajudar? — Eu gritava, sem freio. — Faz apenas dois dias que cheguei aqui e tanta coisa aconteceu! E o que isso significa? Eu não faço ideia, adivinhem porquê? Nem se esforcem de responder, até porque vocês nunca respondem. — Minha voz começava a falha na medida em que eu gritava, e eu sentia o gosto de sangue subindo na garganta. — Eu não sei quem eu sou e não aguento mais não saber.

Assim que termino meu desabafo irritado, olho para os dois jovens que tinham o rosto sombrio e triste. Pareciam chateados, com raiva, com pena... Talvez tudo isso, mas não falavam nada. Era um silêncio ensurdecedor, mas que logo foi substituído pelo leve barulho da chuva, que aumentava gradativamente. Quando percebi que nenhum dos dois abririam a boca, viro as costas e vou embora sozinho, acompanhado apenas dos meus pensamentos.

Enquanto eu descia, ouvi um grito atrás de mim em meio a chuva:

— Nilo, a gente sente muito. É que é tudo tão... — começou Mi-la.

— Complicado — completou Levi.

Não esperei que dissessem muito mais, apenas me virei e continuei descendo pela terra lamacenta, sentindo o cheiro da chuva batendo nas folhas das árvores. As pessoas continuavam no festival, mesmo com a chuva; não é como se a água fosse um problema para eles, mas era interessante como eles não pareciam ligar para os doces molhados, roupas encharcadas ou qualquer coisa do tipo. Eram livres, mas eu não me sentia assim, eu não me encaixava ali.

Continuei andando — e me perdendo — até que encontrasse o quarto em que fiquei na última noite. A porta estava encostada, mas tudo estava escuro, era o único lugar sem luz dentre todos os centímetros daquele lugar. Mesmo assim, foda-se, eu só quero dormir e esquecer de tudo, mas assim que entrei levei um susto com a forma alta que estava no canto de meu aposento. Quem foi o animal irracional que decidiu invadir um quarto que não tem nada além uma cama e um livro cheio de bagulhos loucos.

Não me preparei para atacar, nem falei nada. Se quisessem me matar então que façam logo sem misericórdia.

— Nilo, achei que tivesse se perdido pela vila com essa chuva. Vim aqui para falar com você, mas não havia ninguém...

Hirak. De novo. Puta merda, mas que carinha onipresente da porra. Ele havia trocado de roupa, estava todo de preto, igual a uma sombra esguia e ossuda. Ainda estávamos no escuro, então não via muito além do que a luz do luar me permitia ver. Murmurei um olá bem desanimado, com a esperança que ele percebesse que era hora de ir embora. Mas ele continuou ali, falando. Honestamente? Eu deveria ser grato à ele, mas a chatice e sem-gracice dele não colaboram.

— Você parece cansado, eu imagino. Bom, eu pelo menos estaria depois de tanta coisa acontecendo. Eu posso deixar você descansar, se quiser — eu gostaria sim, pensei — nesse caso, quando você estiver mais descansado eu posso falar da reunião de hoje...

Em um sobressalto eu mudo de ideia, foda-se o cansaço, finalmente alguma coisa entraria na minha cabeça além de maluquice.

— Eu não estou tão cansado — minto e ele ri.

— Claro que não está. Veja, sente-se na cama, vou acender algumas velas. — Ele pede calmamente, numa voz quase sussurrada, e eu obedeço. As luzes finalmente chegaram em meu quarto, iluminando o rosto enfaixado de Hirak. — Bom, peço desculpas por termos abandonado você no barco naquele momento bem na metade daquela grande história.

"Sabe, Nilo, não sei se te contaram, mas estamos em pé de guerra. Claro que o povo não sabe muito sobre isso, mas você é curioso, e está próximo do melhores soldados que temos, é preciso te deixar a par dos assuntos. Pelo menos eu penso assim." Ele para por alguns segundos, me olha de canto, como se me dissesse algo apenas com aquele olhar.

— Meu pai não confia em você e não permite que ninguém conte absolutamente nada para você. Ele se preocupa com a vila, é admirável, mas ele é muito cabeça quente e paranoico. Mas o velho Wogen não manda em mim, tampouco decide em quem devo confiar, eu normalmente sigo meus instintos e ele dizem que você, Nilo, é apenas uma pessoa comum que apareceu no lugar errado, na hora errada e do jeito errado. O clã vizinho possui um grande ódio de nós, com razão, é claro, mas só se você for julgar pelo passado. O clã Mizu não é mais aquele controlador com gente doida. Mas eles não querem saber disso, querem apenas nos dizimar por completo, como se fossemos piolhos. A reunião de hoje foi apenas para nos trazer ótimas notícias, de que o exército deles é fraco demais... mas o clã esta preocupado que os Nukushimi estejam tentando invocar algo ou alguém. — Quando ele termina de dizer, seu rosto congela, como se tivesse esquecido de pausar o relato na hora certa. Ele hesitou e coçou o nariz, um tipo de tique irritante. — Acho que falei demais, não é? Bom, sei que em algum momento eles vão te contar mais coisas, ou você mesmo vai acabar descobrindo. Seus olhos exalam curiosidade e determinação — ele pausa — acho que agora você deve descansar. Amanhã você tem muito o que fazer.

Hirak se despede e fecha a porta, me deixando a sós com alguns pensamentos e um calor estranho no peito. O que ele quis dizer com invocar? Eu queria saber, mas sabia que não podia fazer nada agora. Mas eu iria, a qualquer custo, descobrir em que merda de lugar — e situação — eu havia me enfiado. Ou melhor, que algum desgraçado me enfiou.

Ando pelo quarto repassando o dia na minha cabeça, todos os acontecimentos em ordem e clareza, listados um a um:

Flores que dopam o cérebro; casa maluca; ancião maluco; crianças telepatas e feiticeiras; poderes elementais; guerra... mas absolutamente nada sobre mim, exceto... exceto aquela visão que tive na casa do velhote enquanto olhava para o relógio. Quem era aquele garoto? Instintivamente, procuro o apito vermelho que estava pendurado em meu pescoço e penso, penso muito sobre tudo, mas nada mais acontece; sem mais visões. Desprovido de sucesso em algo, lembro do passado sangrento que essa cidade e esse clã tiveram. A deusa Dewi... ela poderia me responder alguma coisa? Ela poderia? Sem nem pensar duas vezes, pego o Lienôe o'lawa* e começo a folheá-lo. Várias páginas, várias histórias, vários relatos e... várias páginas rasgadas. Isso não estava assim antes, estava? Me lembro de ler o primeiro capítulo e de olhar de relance o resto, não havia essas marcas de rasgado. Ou eu estava louco? Devia estar, ontem eu estava cansado, mal sabia diferenciar o A do B. Talvez estivesse assim desde sempre.

Tentando não pensar demais, abro o livro pela metade, mas as folhas se viram sozinhas até pausar em uma página específica. A deusa estaria, finalmente, me dando um sinal de sua existência ou eu deixara a janela aberta? Começo a leitura em voz alta com o título um tanto quanto chamativo:

Uma não-rainha e o seu não-rei. 

VOCABULÁRIO

Kará: Forma diferente de chamar "mestre", mais formal

Shimi: Família -- festival da família 

Nien: não

Woé: onde

Zoriontasuna: Traduzido do Basco: felicidade

RELEMBRANDO:

Nah: Ei!

Jio: Rapaz

Lienôe o'lawa: Livro d'água

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